terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Congestionamentos Inusitados em Salvador

Bom, todos nós estamos cansados de ver e participar dos congestionamentos na nossa capital soteropolesca, porém um outro tipo inusitado de engarrafamento tem chamado a atenção nas mediações da Bacia do Camurugipe. Vejam vocês mesmos no vídeo abaixo. Quem olha esse vídeo assim, pensa que foi filmado na China. Não. Isto mostra mais uma vez que estamos à beira de um colapso na mobilidade urbana. Os pedestres são esquecidos, praticamente não existem para os gestores públicos e não estão presentes nas políticas de mobilidade urbana. São obrigados a andar sob calçadas esburacadas, desniveladas, sujas e sem acessibilidade, quando sequer existem. Eu vejo hoje a Rótula do Abacaxi, 1 ano depois de inaugurada e até hoje NÃO HÁ FAIXAS DE PEDESTRES! Nem nas sinaleiras existe a faixa. Enquanto isso não muda, divirtam-se com o vídeo. Namoral, aquela tia do milho é queixona!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Negócio da China

Em Salvador, cerca de 25% dos habitantes possuem carro. Temos hoje circulando nas ruas da cidade algo em torno de 700 mil veículos. A frota de veículos em Salvador cresce a taxas impressionantes e alarmantes, em média 6% ao ano de acordo com dados do Detran. Hoje o número de carros na cidade é o DOBRO de 10 anos atrás. O resultado disso não poderia ser o que vemos diariamente: congestionamentos surreais, motoristas despreparados, desrespeito às leis, pessoas estressadas, acidentes, brigas de trânsito, não necessariamente nesta ordem. 

Avenida Antonio Carlos Magalhães em uma tarde qualquer
Alguns estudiosos da Economia Urbana costumam dizer que o trânsito de uma metrópole reflete o próprio aquecimento da economia local, funcionando como uma espécie de termômetro. Um trânsito caótico, para estes autores, é sinonimo de prosperidade econômica, um sinal do aumento da renda desta região. Bom, não vou discutir isso, mas to pouco me fud fedendo pra aquecimento da economia quando pego um congestionamento bizarro às 15hs em plena quarta-feira. Pra mim prosperidade econômica não é congestionamento em pleno horário comercial, desenvolvimento pra mim é um trânsito gentil, motoristas educados, que respeitam as leis, que dirigem para si e para os outros, pedestres conscientes, motociclistas responsáveis e um transporte público de qualidade. Na minha concepção de metrópole desenvolvida, estes são os pré-requisitos, e Salvador, assim como 97,34% das cidades brasileiras, estão longe do meu utópico desejo.

- O que fazer então, Sir Lucas Morais Santos? Proibir os seres humanos que trabalham o ano inteiro de realizarem seus sonhos? Não, não é isso. Mas cada sacana desse que compra um carro e decide sair com ele, impõe um custo à todos. Nada mais justo que paguem este custo, e não apenas arquem sua manutenção e sua gasosa. Cada minuto perdido no congestionamento é custo, provocado por todos que estão naquele inferno, inclusive por mim. Ou incentiva o transporte público, dando alguma qualidade e aumentando sua oferta, ou desincentiva o transporte individual, aumentando o seu custo, diminuindo a sua demanda. O certo mesmo é fazer os dois. Tudo bem, isso não é simples.

Uma alternativa de controle da demanda está sendo utilizada na China. Os governos de algumas cidades estão limitando o número de licenças para emplacamento de veículos, afim de reduzir pelo menos o crescimento da frota. Assim, o leilão de licenças é a saída pra quem quer emplacar o carro. Quem paga mais, leva. O lance mínimo, no mês de maio, foi 12 mil reais. Isto mesmo mané, 12 mil reais. O lance vencedor é, em média, 40% acima deste preço. Isso significa que emplacar seu carro na China irá lhe custar aproximadamente 17 mil reais. Em reais, é quase o preço de um bom carro ZERO lá.

Desincentivando o deslocamento individual, o governo chinês tem trabalhado para melhorar a oferta de transporte público, ampliando linhas de metrô, reduzindo tarifas de taxi, investindo em inteligência de tráfego, ampliando ciclovias. Aumentando a oferta de um lado, e reduzindo a demanda do outro. Isso sim é política coordenada.

Quando se fala em políticas de mobilidade aqui, é só BRT x VLT., como se só isso fosse resolver o problema de deslocamento em Salvador. Enquanto a discussão continua sem solução, a situação já caótica do nosso trânsito só piora. Comprar carro aqui não é barato não, mantê-lo é mais caro ainda. Porém, o crédito para comprar carro em 60x sem entrada está aí na praça; licenciar e emplacar deve lhe custar em média mil reais. Pegar um taxi vai lhe custar o rim esquerdo, moto-taxistas são na maioria despreparados, ciclovias não existem, não há investimentos. Resta ao soteropolitano comprar um carro e piorar ainda mais o impiorável (afemaria), ou ficar horas em um ponto de ônibus geralmente inseguro e pegar um buzão lotado, desconfortável e também inseguro.

domingo, 27 de novembro de 2011

Jogo dos 7 problemas

Desta vez serei breve. Em um trecho do livro de Michel Pacione - Dimentions of the urban transport problem - o autor destaca sete problemas comuns a cidades que não colocaram a mobilidade urbana como prioridade. A brincadeira é a seguinte: aponte quais destes problemas Salvador sofre atualmente. Duvido que alguém consiga superar este desafio. Boa sorte!!!
  1. Congestionamentos: A função primária do transporte urbano é promover mobilidade das pessoas e dos bens, mas a eficiência desta função é comprometida pelo congestionamento. A principal causa do congestionamento é o crescente número de veículos nas ruas.
  2. Transporte público lotado: Na maioria das grandes metrópoles o uso do transporte público está concentrado nos períodos da manhã e fim da tarde (horários de pico). Em algumas cidades é comum ver pessoas penduradas nas portas dos coletivos.
  3. Deficiência do transporte público: Falta planejamento para manter uma eficiência ao transporte público. Atrasos são frequentes, falta informação aos usuários, segurança, enfim, existem cidades onde utilizar o transporte público é uma verdadeira maratona.
  4. Dificuldades para pedestres: Embora boa parte dos deslocamentos em uma grande cidade seja feito a pé, os pedestres muitas vezes não estão presentes nos estudos e projetos sobre transporte urbano. Os acessos normalmente são feitos para facilitar a vida dos motoristas, e não dos pedestres. Calçadas quando existem são ruins, sem manutenção, faixas de pedestres ou não existem ou estão apagadas, passarelas são inseguras, além da poluição sonora e atmosférica, que afetam os pedestres mais diretamente.
  5. Impactos ambientais: O transporte é a maior causa de poluição atmosférica nas cidades. Outros impactos incluem a poluição visual e sonora, destruição de reservas, selagem dos rios, impermeabilidade do solo (favorecendo alagamentos), dentre outras.
  6. Acidentes: Acidentes de trânsito constituem um grave problema social e a grande maioria ocorre em áreas urbanas. A maior parte das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas.
  7. Dificuldades para estacionar: Em grandes metrópoles, achar um lugar para estacionar é uma tarefa nada fácil, principalmente nos centros. É fisicamente impossível uma cidade promover estacionamento para todos que desejam. Esta dificuldade pode culminar em estacionamentos ilegais, além de mais congestionamentos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vagas para Deficientes

Olha lá, pessoal da Transalvador estacionando na vaga para deficientes. Resta lembrá-los que esta vaga é destinada a deficientes físicos, e não deficientes mentais!

Agente deficiente mental da Transalvador em vaga no Aeroporto 2 de Julho.

sábado, 3 de setembro de 2011

Respeite a fila!

Depois de quase três meses distante deste espaço, e sem qualquer desculpa esfarrapada, estou de volta. Fiquem tranquilos que aqueles textos acadêmicos pouco aparecerão por aqui, até porque demandam algum tempo para criá-los, e tempo é algo escasso neste momento de acumulação da minha vida. Há momentos em nossa vida que o nosso tempo fica mais caro ou mais barato, o que nos faz inconscientemente calcular os custos de oportunidade de cada escolha. - Ah maluco, é vem você de novo com essas maluquices... Tudo bem 'maluco', não vou me aprofundar nisso não, relaxe.

Apesar da promessa de não me aprofundar no assunto, vou continuar falando do custo do tempo. Se o tempo tem valor para todos, no trânsito o tempo de todo mundo vale uma mega-sena acumulada. Todo mundo na voracidade, querendo chegar logo ao seu destino, nem que para isso tenham que acelerar até onde seus 1.0 aguentarem (uns 120km/h) e os buracos da cidade permitirem. Parafraseando um jovem que deu entrevista sobre o Stock Car no Globo Esporte Bahia, ultrapassar é uma sensação "adrenalizante" (esse usa bem as palavras).

O ser humano é muito ligado às perdas. A dor da perda é muito maior do que a alegria da vitória. A vitória é breve, a derrota deixa um gosto de sangue na boca por muito tempo. - Quem bate esquece, né vei? Quem apanha não esquece... Já dizia o velho Murphy (nem sei se esse cara existiu), a fila do lado sempre anda mais rápido. Quando você está em uma fila e ela avança rapidamente, esta 'vitória' não é processada pelo seu cérebro, mas basta a fila do lado começar a andar mais rápido, que o seu cérebro te manda uma mensagem: - Vai deixar é? Olha lá, o cara que chegou agora na fila já tá na sua frente, vai ficar aí dando mole é?... É nessa hora que o instinto de selvageria aflora e ficamos putos, prontos a mudar de fila. Como o ser humano quando está em grupo torna-se previsível, não é difícil imaginar o que acontece. Muitos mudam de fila, e a fila do lado passa então a andar mais rápido. Este ciclo só termina quando o indivíduo percebe que é um imbecil se continuar ouvindo os seus instintos, aceita que fez merda e para de mudar de fila. Resultado final, era melhor ter ficado quieto, bancar de esperto não lhe proporcionou nenhum ganho de tempo.

Achei este vídeo no Youtube, que mostra bem isso aí que falei acima. Não falei muito do trânsito, mas quem precisar de um resultado empírico destas minhas pobres palavras, preste atenção quando estiver na Paralela, ACM, Paulo VI, Manoel Dias, Magalhães Neto, Silveira Martins, D. João VI ou qualquer outra avenida frequentemente engarrafada da cidade. Verá na prática o que o sentimento de perda não é capaz.



domingo, 22 de maio de 2011

O mundo não acabou, mas Salvador já acabou faz tempo...

Fim do mundo mesmo é pagar R$2,50 por essa maravilha de transporte público que temos. Salvador vive o fim dos tempos, e não se assuste, pois tem tudo pra piorar. Não bastassem todos aqueles problemas que discutimos diariamente, um outro problema vem assustando os motoristas e usuários do transporte público em Salvador: as "crateras asfálticas", um fenômeno não muito raro nestes novos tempos. O fenômeno consiste no surgimento de imensas crateras DO NADA. Não sei se é um fenômeno físico, quântico, sobrenatural, social, mas sei que ele vem assombrando os bolsos dos soteropolitanos. Suspeito que seja um fenômeno químico: estão misturando bicarbonato de sódio com algum ácido em pó (talvez o ácido cítrico) no nosso asfalto. Pra quem não sabe do que estou falando, NaHCO3 e C6H8O7 são aquelas substâncias presentes nos efervescentes como o 'Sonrisal'. Misturados com água há a liberação do gás carbonico. Ou seja, aquele barulhinho do Sonrisal, o 'tssssssssssss', é a liberação das moléculas de CO2 presentes na mistura. Depois desta aula fajuta de química, acho que o nosso asfalto é feito dessa parada aí. Basta cuspir no chão que abre uma cratera, imagine o que as fortes chuvas que vem caindo não tem feito. O motorista desvia de um buraco e cai em mais três que surgem na frente.

Tsssssssssssssss...

Engraçado que até quem ganha com isso - o borracheiro - anda preocupado. Essa semana, vi o borracheiro que fica ali no topo da Ladeira do Cabula colocando uns cones para os motoristas pararem de cair na cratera que se formou na frente do seu estabelecimento. O que seria a solução dos seus problemas, virou o próprio problema. A borracharia não tem estrutura operacional para tantos clientes. O borracheiro, esperto que é, decidiu então sinalizar a presença do buraco/cratera para reduzir a demanda pelos seus serviços. A Rótula do Abacaxi, com apenas seis meses, está parecendo a Lua. Todo dia enormes buracos são descobertos naquela região.

É comum também a formação de buracos e 'lombadas' nas pistas que trafegam uma grande quantidade de ônibus. Eu não sei a razão disso, mas já que dei pitacos científicos acima, acredito que o óleo que cai dos ônibus junto com o calor desta cidade deixa o asfalto mais mole, facilitando a formação, ou melhor, a deformação do pavimento asfáltico.

Segundo a pesquisadora e professora Liedi Bernucci, da USP, a principal causa para este fenômeno que se espalha, é a falta de manutenção preventiva nos asfaltos. “Quando começam a aparecer trincas no asfalto, ele precisa de um revestimento delgado para impermeabilizá-las”, afirma. Outro entendido no assunto, o engenheiro Janos Bodi, da Prefeitura de São Paulo, diz que tapar buracos não resolve. “O ideal é recapear as vias, mas poucos municípios têm dinheiro para sair da manutenção provisória”, diz.

Cratera na Ladeira do Cabula

Os efeitos destes buracos nos bolsos dos motoristas são graves. Os automóveis necessitam constantemente de manutenção preventiva e corretiva em pneus, suspensão e amortecedores. Os custos para o motorista já são altos, some agora estes novos custos. Fora que estes buracos são também responsáveis por muitos acidentes. E quem mais sofre é quem? O peão que tá dentro do busú, que além de pagar caro pra entrar naquela lata de sardinha velha, ainda tem que praticar malabarismo no seu caminho pra casa...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cuiabá também está escolhendo o VLT. E aí Salvador???

Cuiabá também pensando no antes-durante-depois da Copa. O prefeito de Salvador, senhor João Henrique, declarou que 'para a COPA' o BRT é o modelo mais adequado, principalmente em função do tempo. Traduzindo as palavras de JH: "Salvador que se dane, eu quero é implantar o sistema mais rápido pra que esteja pronto antes da Copa, mesmo que seja um sistema com data de validade vencida. Depois da Copa o próximo prefeito pensa o que vai fazer..."

Ouça você mesmo a declaração do nosso querido prefeito neste vídeo abaixo:



Agora veja a opinião dos técnicos de Cuiabá:



É brincadeira um negócio desses!!! E você, o que acha? Participe, discuta, afinal estamos falando da sua cidade.


Vamos fortalecer esta campanha, EU QUERO O VLT EM SALVADOR!
Acesse o blog e acompanhe notícias diariamente: http://vltemsalvador.blogspot.com/


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terça-feira, 19 de abril de 2011

Lauro de Freitas já optou pelo VLT. Salvador, acorda!

Hoje me darei ao luxo de apenas "copiar e colar" a indicação n° 047/2011 do vereador Antônio Rosalvo Batista Neto, da câmara do município de Lauro de Freitas. Vamos obrir os olhos da nossa população. O BRT deve ser bom pra muita gente, menos para quem precisa dele: o povo. Já assinou a petição pública? Declare seu apoio: http://peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=vlt



Sessão ordinária do dia 14.04.2011
3ª Sessão Legislativa Ordinária - 2011
12ª Legislatura – 2009/2012

Indicação nº 047/2011 | Vereador Antônio Rosalvo Batista Neto

Aprovada. Indica à Prefeita Municipal efetuar gestões junto ao Governo do Estado da Bahia para que a solução de transporte de massas a ser adotada para o “corredor metropolitano” de Lauro de Freitas seja a do “Veículo Leve sobre Trilhos” (VLT) e não o “Bus Rapid Transit” (BRT).

Protocolada junto ao Poder Executivo. Aguarda resposta.



Veículo Leve sobre Trilhos em operação na França (Foto: Peter Gugerell)

O Vereador Antônio Rosalvo defende na justificativa da indicação que a implantação do VLT, reconhecidamente superior ao BRT, é da mais alta relevância para o transporte público da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e a sua escolha não pode ficar sujeita ao cumprimento de prazos da Copa 2014.

"Esta Casa Legislativa defende que a solução de transporte de massas na RMS, que já chega tardiamente, deve ter como horizonte prioritário o benefício da população e não de eventuais turistas que venham assistir os jogos da Copa do Mundo em Salvador", anota o Presidente da Câmara.

Antônio Rosalvo destaca que o BRT, nada mais que um corredor de ônibus, representa uma solução técnica ultrapassada em todo o mundo, bem mais poluente que o VLT, muito menos confortável para os usuários e de vida útil muito inferior. "Até mesmo em nosso País e em outras capitais do Nordeste é o sistema do VLT que está sendo implantado. Está em questão a qualidade do serviço de transporte oferecido aos munícipes, mas também a qualidade da aplicação de dinheiro público", alerta Rosalvo.

Para o Vereador, a implantação do corredor de ônibus, em detrimento do VLT, tem ainda o potencial de não conseguir retirar das ruas a quantidade de veículos particulares que seria necessário para preservar minimamente a viabilidade do trânsito em nosso Município, sendo esse um dos objetivos primordiais do sistema de transporte de massas.

Acompanhe também o blog VLT em Salvador:
http://vltemsalvador.blogspot.com/

sábado, 9 de abril de 2011

Um pouco de economia para entender o congestionamento urbano: rivalidade e exclusividade

Bom, muita gente me pergunta qual a razão do meu interesse por mobilidade urbana, congestionamentos, transporte público, sendo eu um economista. Eu sempre respondo que grande parte dos problemas urbanos nada mais são do que problemas de ordem econômica, que podem e devem ser debatidos sob este ponto de vista. Mas de que forma a economia enxerga estes problemas? A ciência econômica (vou resumir bem isso aqui) estuda as relações humanas que resultam da relação entre necessidades ilimitadas e recursos escassos. - Como é que é, vei??? Exprica esse negoço aí direito! Vamos lá: a economia estuda basicamente a gestão dos recursos escassos. As necessidades do ser humano são ilimitadas, todos nós queremos tudo, mas os recursos são escassos. - Mas maluco, me diz uma coisa...economia não é um monte de matemática??? Não. economia não é uma ciência exata, é uma ciência social, porém utiliza-se bastante do ferramental matemático. Mas como a economia então enxerga o problema dos congestionamentos? Veremos um pouco abaixo, mas sem matemática.
Do ponto de vista econômico, podemos classificar os bens e/ou serviços segundo duas características elementares: o seu grau de “rivalidade” e o seu grau de “exclusividade” . Um bem se diz “rival” se o seu consumo por uma pessoa reduz a quantidade disponível para os outros. Os artigos nas prateleiras dos supermercados são exemplos de bens com alto grau de rivalidade, pois se você comprar um frango, outro consumidor não poderá consumir o mesmo franguinho. De forma inversa, a não-rivalidade significa que o consumo de uma pessoa não restringe a quantidade disponível para os outros. Dentre os bens “não-rivais” teríamos as ondas de rádio, o oceano ou a luz solar. Quando você ouve rádio, qualquer outra pessoa também pode ouvir sem problemas.
Bens “exclusivos” são aqueles onde existe a possibilidade de excluir pessoas. Os bens sobre os quais é possível atribuir direitos de propriedade são passíveis de exclusão. Essa exclusividade diz respeito à possibilidade de excluir todos os que não pagaram. Nesse caso, aquele show do Festival de Verão, a energia elétrica e a TV fechada são bens “exclusivos”, ou seja, são exclusivos de quem os pagou. De forma análoga, bens não-exclusivos são aqueles em que há uma inviabilidade em excluir os não pagadores. Uma queima de fogos pode ser classificada como bem não-exclusivo, pois não há como impedir pessoas de assistí-lo, a não ser que alguém faça uma queima de fogos em local fechado (não façam isso em casa, por favor). O ar que respiramos é outro exemplo, não pode-se cobrar pelo ar que respiramos, não tem como.
Vejamos outros conceitos importantes. Bens públicos são aqueles cujo consumo de uma pessoa não afeta a quantidade consumida pelas demais, além de não ser passíveis de exclusão, ou seja, são bens de acesso livre. Bens públicos são 'não-rivais' e 'não-exclusivos'. Ou seja, um bem público é aquele que não se pode cobrar pelo uso, e o uso de uma pessoa não impede o uso de outra. O ar que respiramos é um bem público pois o fato de você respirar não impede que outra pessoa respire e ninguém paga por isso. Bens comuns são aqueles que os agentes podem acessar livremente (não-exclusivos), porém o consumo de um agente reduz a quantidade disponível para os outros (rivais). Qualquer pessoa pode pescar no Dique do Tororó, mas a partir do momento que você pesca um peixe, você está reduzindo a quantidade de peixes para os outros, por isso existe rivalidade. Uma avenida é um exemplo típico de um bem com grau de exclusividade praticamente nulo (estando ela congestionada ou não), mas a partir do momento que você sai com  seu carro,  está reduzindo o espaço para outros motoristas. A avenida é não-exclusiva porém é rival.
Ao analisar estas duas categorias de bens, é importante fazer referência à ligação do grau de rivalidade e o congestionamento (ou saturação) do seu acesso. Uma vez disponível a rua,  livre para todos, com baixo grau de exclusividade (não se cobra pra usar uma avenida), todo mundo procura explorá-lo ao máximo, sem analisar os custos sociais desta ação.
Existe um caso muito famoso na teoria econômica, introduzido pelo economista inglês Guillermo Foster Lloyd (1833), popularizado pelo ecologista americano Garrett Hardin, chamado “A tragédia dos bens comuns”. No artigo, Hardin está claramente preocupado com o aumento da população com um mundo finito. Segundo o autor, quando o bem é comum (uma avenida, por exemplo), as pessoas podem utilizá-lo sem impedimentos. Se cada pessoa limitar o seu uso, a satisfação é geral, trazendo benefícios para todos. O grande dilema está na possibilidade das outras pessoas (seres racionais que buscam aumentar sua satisfação) não limitarem seus usos, fazendo com que a pessoa que se controla tenha seu benefício diminuído. Cada pessoa, neste contexto, está sujeita a utilizar o bem ao máximo até a ruína geral. Hardin dá o exemplo de uma lagoa, onde a quantidades de peixes é finita. Se todos controlarem a exploração, haverá peixes para todos. Porém se não houver regulamentação, todos vão querer pescar a maior quantidade de peixes possível, afinal todos pensam da mesma forma - se eu deixo de pescar, o pescador do lado não vai pensar como eu, então 'farinha pouca meu pirão primeiro'. Para Hardin essa é a natureza do ser humano quando não existe regulação.
O benefício de utilizar o automóvel é positivo, já que existe uma maior flexibilidade do carro em relação ao transporte público. A entrada de veículos em uma avenida continua até o ponto onde o benefício econômico é zero. Uma vez que ninguém é o dono da rua, não há regulação e portanto não há restrição para a entrada de mais e mais veículos. Desse modo, as avenidas, principalmente das grandes metrópoles, são sobre-exploradas de forma trágica, vide os congestionamentos que enfrentamos diariamente. A razão para esta tragédia é que, quando o motorista decide trafegar na via, seu benefício aumenta, mas o benefício de todos os outros diminui. O motorista não leva em conta o custo que ele impõe aos outros motoristas.
Para Hardin, existem duas soluções para evitar a tragédia dos bens comuns: a regulamentação do acesso por parte do Estado; ou a privatização dos bens comuns. As duas soluções para este problema estão longe de acontecer. No que diz respeito ao estado, este apenas contribui a cada dia para o agravamento do problema. Assim como Hardin, eu também estou preocupado.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um convite para a morte

E aí, vai encarar?
A Avenida Mário Leal Ferreira, mais conhecida como Avenida Bonocô, é um dos maiores trechos articuladores do nosso município. Não chega a ser uma via expressa pois lhe falta muitas das características, mas liga de forma eficiente o Centro Tradicional e o Centro de Camurugipe (região do Iguatemi), além de ser uma ligação importante entre Salvador e sua região metropolitana, via BR-324. Apesar destas qualidades, considero a Avenida Bonocô um dos trechos mais perigosos de Salvador. Passar por ela, principalmente nos horários de pouco fluxo de veículos é uma experiência similar a estar em um autódromo. Carros trafegam em altíssima velocidade, e não há qualquer segurança nesta via. Se de um lado o asfalto é novo e bonitinho, do outro é totalmente esburacado e não há sequer sinalização das faixas no chão, transformando o tráfego numa verdadeira "suruba automobilística". Por que diabos até hoje não colocaram lombadas eletrônicas nesta avenida??? Ah sim, existe uma logo no início dela, na qual os veículos reduzem e logo sentam o pé no acelerador. Onde deve-se controlar a velocidade não o fazem, mas se você precisar sair da Paralela pra chegar no Hospital Roberto Santos, via Saboeiro, você tem que passar por uns 250 quebra-molas. Ou seja, não bastasse o sofrimento de estar em uma ambulância, você ainda tem que sofrer mais um pouquinho com os redutores físicos de velocidade. Quem que planeja isso? Mas o convite para a morte do título não se refere a isso.

Autódromo Mário Leal Ferreira, o Bonocô
Voltando pra Avenida Bonocô, eu queria saber se sinceramente alguém sóbrio neste mundo entende aquela obra apoteótica do canteiro central. Eu não sou urbanista, mas não é possivel que aquilo lá não contrarie todos os conceitos de urbanismo. Aquela obra é uma tragédia anunciada. Uma área de lazer no canteiro central de uma via quase-expressa e pior: com apenas UMA rampa de acesso. É comum durante o dia ver pessoas atravessando a pista, principalmente crianças, para ter acesso ao lazer. Se quiserem ter uma travessia segura terão que andar pelo menos 1km. É praticamente um convite à transgressão. Onde estava o bom senso de quem projetou aquela porcaria??? Não é viável uma área de lazer, com características de praça de bairro, instalada no meio de uma via de alta velocidade. - Ahhhh véi, você tá pegando pesado...alí dá pro cara fazer um cooper, é saudável, tá ligado? Tá bom, caminhada ali é o mesmo que respirar 3kg de monóxido de carbono, super saudável. Usuários já reclamam mais proteção contra acidentes. O principal foco são os alambrados, estrategicamente colocados ali pra proteger os frequentadores em caso de impacto, mas que uma frágil criança consegue entortar para poder atravessar a pista.

“As imagens falam por si. As grades já estão quebradas”, afirmou um servidor municipal que, por estar em estágio probatório, pediu para não ser identificado.

“Teve uma batida aqui que nem o concreto resistiu, imagine a grade”, reclamou Lia Sfoggia, que fazia ginástica no espaço da Bonocô.

A Desal, órgão da Secretaria Municipal de Transportes e Infraestrutura, afirmou que o alambrado de proteção será mantido. A companhia atribui os problemas no local ao vandalismo e negou que haja perigo em razão do trânsito. “O canteiro da Paralela é aberto. Já subiu algum carro lá?”, indagou a assessoria do órgão (esse entende!!!). Segundo a Desal, a área de lazer é fruto de um projeto cujos estudos recomendaram o uso de grades, ao invés de alternativas como a instalação de proteção de concreto.

- To chegando mané!!!
E não precisa ser profeta do apocalipse pra dizer que em breve haverá um acidente de grandes proporções naquela área de lazer, que deveria ter o mínimo de segurança. Aquilo lá é um convite para a morte. (toc toc toc)


Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=64493

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Em breve: taxas de estacionamento variáveis

- Meteram na minha vaga véi!
 
Calma, não entre em pânico. Esta notícia é da cidade de Seattle, EUA, mas bem que poderia ser daqui. Por enquanto você pode estacionar livremente em Salvador, sem se preocupar com isso. Os motoristas de Seattle sabem que a partir de agora os estacionamentos públicos estão mais caros em quarteirões onde a demanda é maior e em horários de maior demanda, e em contrapartida pagarão menos quando mais vagas estiverem disponíveis. Especialistas do SDOT (Seattle Departament of Transportation - Departamento de Transportes de Seattle) acreditam que com esta política os condutores tendem a estacionar em locais onde há menos demanda, pois assim pagam mais barato. Para aqueles que trabalham em locais de grande demanda por estacionamentos, há uma expectativa de redução da utilização do automóvel, pois o custo privado destes aumentará significativamente. " - Isso ajudará a reduzir o congestionamento também causado por pessoas que procuram vagas", diz Mary Catherine Snyder, estrategista de estacionamentos da SDOT. Estudos dizem que em muitos bairros americanos cerca de 30% dos congestionamentos são causados por pessoas que circulam procurando vagas para estacionar. Especialistas também afirmam que taxas variáveis tendem a inspirar os estacionamentos mais curtos, impulsionando o comércio. 

"- Se for para aumentar o número de vagas, eu concordo" diz um motorista. "- Mas se for pra aumentar as receitas do município, sou totalmente contra."

Tecnologia de ponta

Em cada vaga há um sensor magnético disponível que detecta quando um carro está estacionado. Esta informação é enviada para uma central, onde os mais previnidos podem ver pela internet e através de smartphones onde estão as vagas disponíveis. Os oficiais de trânsito podem ver pelo mesmo sistema onde estão os espertinhos, estacionados por mais tempo, e multa-los. Eles estão desenvolvendo um aplicativo para smartphone onde será possível saber em tempo real onde estão as vagas e qual o preço. 

Os valores das vagas podem variar entre US$0,75 e US$4,00 por hora, dependendo da demanda por vagas e do local. E você, o que acha disso? Viável? Comente, divulgue e um Feliz 2011!

Notícia: http://community.seattletimes.nwsource.com/mobile/?type=story&id=2013799522&st_app=ip_news_lite&st_ver=1.2

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