terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Congestionamentos Inusitados em Salvador

Bom, todos nós estamos cansados de ver e participar dos congestionamentos na nossa capital soteropolesca, porém um outro tipo inusitado de engarrafamento tem chamado a atenção nas mediações da Bacia do Camurugipe. Vejam vocês mesmos no vídeo abaixo. Quem olha esse vídeo assim, pensa que foi filmado na China. Não. Isto mostra mais uma vez que estamos à beira de um colapso na mobilidade urbana. Os pedestres são esquecidos, praticamente não existem para os gestores públicos e não estão presentes nas políticas de mobilidade urbana. São obrigados a andar sob calçadas esburacadas, desniveladas, sujas e sem acessibilidade, quando sequer existem. Eu vejo hoje a Rótula do Abacaxi, 1 ano depois de inaugurada e até hoje NÃO HÁ FAIXAS DE PEDESTRES! Nem nas sinaleiras existe a faixa. Enquanto isso não muda, divirtam-se com o vídeo. Namoral, aquela tia do milho é queixona!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Negócio da China

Em Salvador, cerca de 25% dos habitantes possuem carro. Temos hoje circulando nas ruas da cidade algo em torno de 700 mil veículos. A frota de veículos em Salvador cresce a taxas impressionantes e alarmantes, em média 6% ao ano de acordo com dados do Detran. Hoje o número de carros na cidade é o DOBRO de 10 anos atrás. O resultado disso não poderia ser o que vemos diariamente: congestionamentos surreais, motoristas despreparados, desrespeito às leis, pessoas estressadas, acidentes, brigas de trânsito, não necessariamente nesta ordem. 

Avenida Antonio Carlos Magalhães em uma tarde qualquer
Alguns estudiosos da Economia Urbana costumam dizer que o trânsito de uma metrópole reflete o próprio aquecimento da economia local, funcionando como uma espécie de termômetro. Um trânsito caótico, para estes autores, é sinonimo de prosperidade econômica, um sinal do aumento da renda desta região. Bom, não vou discutir isso, mas to pouco me fud fedendo pra aquecimento da economia quando pego um congestionamento bizarro às 15hs em plena quarta-feira. Pra mim prosperidade econômica não é congestionamento em pleno horário comercial, desenvolvimento pra mim é um trânsito gentil, motoristas educados, que respeitam as leis, que dirigem para si e para os outros, pedestres conscientes, motociclistas responsáveis e um transporte público de qualidade. Na minha concepção de metrópole desenvolvida, estes são os pré-requisitos, e Salvador, assim como 97,34% das cidades brasileiras, estão longe do meu utópico desejo.

- O que fazer então, Sir Lucas Morais Santos? Proibir os seres humanos que trabalham o ano inteiro de realizarem seus sonhos? Não, não é isso. Mas cada sacana desse que compra um carro e decide sair com ele, impõe um custo à todos. Nada mais justo que paguem este custo, e não apenas arquem sua manutenção e sua gasosa. Cada minuto perdido no congestionamento é custo, provocado por todos que estão naquele inferno, inclusive por mim. Ou incentiva o transporte público, dando alguma qualidade e aumentando sua oferta, ou desincentiva o transporte individual, aumentando o seu custo, diminuindo a sua demanda. O certo mesmo é fazer os dois. Tudo bem, isso não é simples.

Uma alternativa de controle da demanda está sendo utilizada na China. Os governos de algumas cidades estão limitando o número de licenças para emplacamento de veículos, afim de reduzir pelo menos o crescimento da frota. Assim, o leilão de licenças é a saída pra quem quer emplacar o carro. Quem paga mais, leva. O lance mínimo, no mês de maio, foi 12 mil reais. Isto mesmo mané, 12 mil reais. O lance vencedor é, em média, 40% acima deste preço. Isso significa que emplacar seu carro na China irá lhe custar aproximadamente 17 mil reais. Em reais, é quase o preço de um bom carro ZERO lá.

Desincentivando o deslocamento individual, o governo chinês tem trabalhado para melhorar a oferta de transporte público, ampliando linhas de metrô, reduzindo tarifas de taxi, investindo em inteligência de tráfego, ampliando ciclovias. Aumentando a oferta de um lado, e reduzindo a demanda do outro. Isso sim é política coordenada.

Quando se fala em políticas de mobilidade aqui, é só BRT x VLT., como se só isso fosse resolver o problema de deslocamento em Salvador. Enquanto a discussão continua sem solução, a situação já caótica do nosso trânsito só piora. Comprar carro aqui não é barato não, mantê-lo é mais caro ainda. Porém, o crédito para comprar carro em 60x sem entrada está aí na praça; licenciar e emplacar deve lhe custar em média mil reais. Pegar um taxi vai lhe custar o rim esquerdo, moto-taxistas são na maioria despreparados, ciclovias não existem, não há investimentos. Resta ao soteropolitano comprar um carro e piorar ainda mais o impiorável (afemaria), ou ficar horas em um ponto de ônibus geralmente inseguro e pegar um buzão lotado, desconfortável e também inseguro.

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