quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Cobrança de estacionamento nos shoppings! E agora???

 
 
Todos sabem que sempre fui a favor de desincentivar o uso do automóvel particular, basta ler os textos publicados neste blog. O correto seria desincentivar o automóvel, e ao mesmo tempo incentivar o uso do transporte público. Este último esquece. Desde quando comecei a escrever sobre mobilidade, a coisa só piora em Salvador. Hoje moro em João Pessoa, aqui o trânsito é bem mais light, tipo Salvador 10 anos atrás. Um dia a coisa empena por aqui também. Bom, voltando ao tema que iniciei, esta semana nas redes sociais foi um chororô retado porque a justiça derrubou a lei que proíbe a cobrança de estacionamento nos shoppings de Salvador. Vamos lá:
 
1º ponto - A lei. A lei é inconstitucional, não sei como resistiu tanto tempo. Duvida? Então faz o seguinte, o sofá da sua casa agora é público. Vou sancionar uma lei para que, quando eu quiser deitar em um sofazão, você não possa reclamar nem me cobrar nada pelo uso dele. Posso deitar, dormir, babar. - Mas se você derrubar suco de uva no sofá??? Dá nada! O sofá é seu mermão, se vire pra limpar depois. Justo né? Pois bem, sua casa e seu sofá - assim como a área do estacionamento do shopping - são bens PRIVADOS. A constituição, até onde lembro, garante o direito de propriedade e a cobrança pelo seu uso. Uma norma constitucional possui nivél máximo de eficácia, então uma lei municipal não pode contrariá-la.
 
2º ponto - O mimimi. Tão fazendo um estardalhaço da zorra com isso aí. A lei proibia a cobrança, mas isso não significa que é lei agora cobrar. O shopping agora tem seu direito garantido e pode - ou não - cobrar pelo uso do seu espaço. É ele quem dita suas políticas agora, assim como geralmente as mulheres fazem nas casas, são elas que mandam. Então se o shopping achar que deve cobrar, ele vai cobrar. Ele pode oferecer gratuidade a quem consome no shopping, pode dar uma tolerância de uma hora, ou duas, ou três. Pode cobrar um valor fixo pelo dia inteiro, ou cobrar um valor por hora. Ele pode não cobrar, se assim quiser. Então pare de mimimi revoltadinho!
 
3º ponto - Não é justo porque eu pago mais caro no shopping. Você paga mais caro porque você quer! Existem lojas fora do shopping, sabia? Existe comércio provavelmente na sua rua, mas você nunca viu porque só sabe ir pro shopping desfilar roupa. Deve ter roupa mais bonita no ateliê da esquina do que aquelas roupas escrotas que você compra no shopping por R$349,90 - um pedacinho de pano com um detalhe douradinho, de bijuteria. O conceito de shopping surgiu nos Estados Unidos, em um modelo que possui o intuito de atrair as pessoas por uma série de facilidades, tudo em um só lugar, com segurança, conforto e lazer. Por esta razão, estes empreendimentos possuem um custo mais alto e por isso cobram um aluguel dos seus inquilinos (as lojas), o que acaba sendo repassado para o consumidor através dos preços. Por atrair muitas pessoas para o mesmo espaço, a procura por produtos também é grande, gerando pressão nos preços, tornando os produtos no shopping mais caros que fora dele. Então, pare de falar que - ah mas no shopping tudo é mais caro, eles não podem cobrar estacionamento, não é justo... Se você fosse educado e ao menos retirasse sua bandeja da mesa depois que come aquele Mc Donald's e colocasse no local onde ela deve ser deixada, reduziria o custo do shopping, porque depois que você come, tem um funcionário do shopping que vai lá carregar a sua bandeja melada. Isso ajudaria a baixar os preços dentro do shopping. Ah, o fato de o estacionamento ser pago também contribuirá, pois os inquilinos poderão pleitear reajustes menores nos aluguéis. Ah Lucas, mas eu duvido que eles baixem os preços... Se eles não baixarem é porque tem demanda para aquele preço, não culpe o shopping.
 
4º ponto - O boicote aos shoppings. Bom, estão surgindo boatos nas redes sociais que se os shoppings cobrarem estacionamento, a população de Salvador vai boicotar estes empreendimentos. Sabe de uma? EU DUVIDO! O povo de Salvador só se mobiliza pelo carnaval. Uns anos atrás teve uma Revolta do Buzu, onde 70% dos estudantes que aderiam queriam era filar aula e arruaçar (eu participei, queria era filar aula e tomar uma caminhando no sol). De lá pra cá a passagem já aumentou mil vezes e não vi ninguém na rua. O prefeito e vereadores fazem miséria e não vejo ninguém ir pra rua fazer nada. Ah, mas o shopping vai cobrar estacionamento, vamos nos mobilizar! Um pequeno detalhe: menos de 1/3 da população de Salvador possui automóvel, ou seja, esta mudança não irá impactar em NADA na vida de mais de 70% dos habitantes desta cidade. Outro detalhe é que parece que todo mundo vive no shopping né, todo dia o cara vai pro shopping comprar, só tem rico! Olha, eu peço uma coisinha pra os militantes do boicote: quando for rolar, me avise, assim eu posso ir no shopping comprar, sem precisar me esbarrar em ninguém nem pegar fila. É capaz ainda de pegar umas promoções relâmpagos, uma vez que o shopping estará vazio. Me avisem tá?
 
5º ponto - Onde vou estacionar meu carro agora? Entenda que seu carro é um problema privado. Ninguém diz onde você tem que guardar sua roupa. O seu carro e onde você vai guardá-lo é problema seu. Minhas pesquisas comprovam que 91,6% das pessoas que reclamam que terão que pagar estacionamento em shopping pagam para o flanelinha até 2 "réau" para ele "olhar" o carro. Tome vergonha nessa cara vai!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O moderno transporte público de Salvador


MetroRec, o metrô de Recife
Olá! Depois de muito tempo afastado deste espaço, em razão de coisas da vida mesmo, fui obrigado a voltar. Minha família não aguenta mais escutar minhas reclamações, me chamam de chato e tudo, então vou exteriorizar minha raiva nestas linhas. Entre os dias 23/07 e 24/07, eu fui do céu ao inferno em relação a transporte público. O céu: Recife. Isso mesmo, Recife. Pra quem não sabe, estarei morando em breve em João Pessoa, e o caminho mais barato pra chegar a Salvador é passando por Recife. Chegando na Rodoviária de Recife, não preciso nem sair, basta comprar um bilhete (R$1,60) e embarcar no MetroRec - um sistema que não é maravilhoso, porém funciona, é climatizado, espaçoso, confortável. Fui até a Estação Joana Bezerra, próxima ao centro de Recife. De lá, peguei um ônibus INTEGRADO ao metrô (pra quem não entendeu, eu NÃO PAGUEI o ônibus) com destino a Boa Viagem. Ônibus também confortável, cadeiras acolchoadas, muito limpo, amortecedores funcionando perfeitamente. Cheguei ao meu destino (o Hostel Boa Viagem) bem rápido, e para facilitar ainda mais o usuário do transporte público e também os que não conhecem a cidade, as paradas (pontos) são numeradas. Bastou descer na Domingos Ferreira, Parada 9, que cheguei sem trabalho ao meu destino.

Pela manhã voltei pro mesmo ponto, peguei o ônibus Aeroporto, e dessa vez paguei R$1,90. Na real o ônibus custa R$2,15 mas como a cobradora não tinha troco, aceitou meus R$1,90 que tinha em miúdos. Ônibus também confortável, acolchoado e rápido. Só 15 minutinhos e estava dentro do Aeroporto. Eram 7:50 da manhã, e pelo andar da carruagem meu dia seria maravilhoso!


Simbora meu povooo!
Estava tudo maravilhoso até chegar em Salvador. Cheguei às 10:40 e pensei: meio-dia devo estar em casa. Fui na direção do ponto de ônibus atrás do estacionamento. Durante o percurso mais de dez pessoas me abordaram perguntando se eu queria taxi. Pelo visto é clandestino, porque eu mal conseguia ouvi-los, tamanha discrição. Perguntei a uma senhora que trabalha em uma empresa de ônibus (pelo menos ela estava vestida igual uma cobradora) qual o ônibus que poderia pegar que fosse pela Paralela até a região ali do Iguatemi, pois de lá eu me viro. Ela olhou um ônibus vindo e disse: - esse aí passa! Sem duvidar da sua benevolência, entrei no buzú e tomei minha primeira facada do dia: R$2,80. Ônibus sujo, janelas balançando (uma zuada terrível), calor desgraçado, motor fazendo uma zuada muito forte e cadeiras nada confortáveis. Essa desgraça não vale nem R$1,00! Tá eu lá e o ônibus indo em direção a Lauro de Freitas...estranhei, mas pensei que ele faria a volta lá e iria para Salvador. Até que o cobrador me pergunta onde eu ia descer. Depois de dizer que meu destino era Salvador, ele disse que era melhor eu descer e pegar outro do outro lado, pois eles iriam ficar 40 minutos fazendo hora no fim de linha. Já pirado, e meio tonto, desci e peguei um Praça da Sé do outro lado, via orla. Segunda facada do dia, mais R$2,80.

Ônibus novamente desconfortável, ambulantes entrando a cada ponto, chacoalhando que era uma beleza. Desci na Praça Nossa Senhora da Luz e em meio à tontura, entrei em um São Gonçalo (mais R$2,80). Depois de uns 30 minutos de congestionamento na Avenida ACM e na Avenida Tancredo Neves, o destino me prega mais uma surpresa: o ônibus é via Paralela! Depois de ficar mais de 30 minutos rodando dentro do Imbuí, o ônibus parte em direção ao Cabula. Como o ônibus é via Paralela, eu teria posteriormente duas opções pra chegar em casa: andar uns 30 minutos debaixo da lua cheia e já tonto; ou pegar outro ônibus. Moral da história: 3 horas e 30 minutos rodando a cidade em ônibus que mais parecem paus-de-arara e R$11,20 de prejuízo. Fui chegando em casa e pensando no transporte de 1º mundo que horas atrás havia experimentado, e no transporte de 5ª categoria que acabara de utilizar. Cheguei em casa com o sentimento de que havia sido desrespeitado na minha própria cidade. Como pode uma estação de ônibus em um aeroporto internacional sem qualquer informação para o usuário? Como pode um transporte tão caro ser tão desconfortável e ineficiente? Como que pode haver uma “integração” tão cretina como dizem que existe em Salvador? Será que é possível que ninguém perceba que não existe nada mais bizarro que aquela “Estação de Transbordo Iguatemi” neste mundo? Nem na Naníbia deve existir uma coisa tão mal projetada, bizarra e desrespeitosa quanto aquilo. Nem no Haiti deve ter uma bagaça daquela. Aquilo ali só não é a estação do inferno porque ainda tem a Lapa, Estação Pirajá e Mussurunga que não ficam atrás.

Enfim, este foi meu desabafo do dia. Espero que ninguém tenha que passar pelo que passei, embora eu saiba que todos em Salvador que dependem deste lixo passam por isso diariamente. Podem dizer que fui lerdo, que poderia ter evitado pegar dois ônibus, mas o episódio me serviu para ter a certeza de que não quero mais morar nessa cidade.

Não, não é uma cidade da Índia, é Salvador mesmo


terça-feira, 17 de abril de 2012

Guia para dirigir em Salvador

Rapaz, não é que devem dar este guia prático nas auto-escolas aqui em Salvador? Divirtam-se!
 
 
Por Robson Oliveira (baiano)
 
Vindo à capital da Bahia a passeio e tendo que se adaptar ao
jeitinho baiano de dirigir, não se assuste. Em Salvador você verá
atrocidades; você duvidará que o motorista que violentamente insiste
em lhe expulsar da pista goza de boa saúde mental; você não
entenderá como nós soteropolitanos, famosos no mundo por não se
estressarem, nos transformamos em seres raivosos quando estamos ao
volante. Não fazemos por maldade, guiamos preocupados apenas com o
centro do universo, nós mesmos, os baianos, os piores motoristas do
Brasil. As lições vão lhe ajudar no trânsito de Salvador.
 
Antes de começar, lembramos que o baiano gosta de imitar os
Ingleses. Assim, eles decidiram que, nas pistas de mão única, a
faixa de velocidade é a da direita. Não se assuste ao ver uma fila
de automóveis andando a menos de 10 Km/h, toda ela na faixa da
esquerda, parecendo uma Procissão. Não pense duas vezes: Dê uma
guinada à direita e pé no fundo. Pode ultrapassar. Pode até usar o
acostamento da direita que é permitido.
 
1ª Lição: Faixas Inúteis. A pintura de faixas, quando existe,
não serve para absolutamente nada. Nós não sabemos exatamente para
que a via foi dividida em faixas. Passamos de uma faixa para outra,
rodamos sobre as faixas “seguindo os pontinhos” como se não
quiséssemos nos perder... e em qualquer curva preferimos a tangente,
mesmo que a faixa ao lado esteja ocupada por algum “leso”.
Acostume-se, esqueça as faixas, sinta-se livre.
 
2ª Lição: Parar Já. Paramos onde e quando precisamos; às vezes
até ligamos o pisca alerta. Todos podem esperar um pouco. Na rua onde
mal passa um carro, que diferença podem fazer cinco ou dez minutos
parado até que “voinha” desça da casa de “mainha”? Se o
carro da frente parar, tenha paciência, espere até que ele decida
seguir ou, também é permitido, buzine alucinadamente para extravasar
sua raiva, sabendo que não vai adiantar. Desconte no próximo, pare
também onde e quando quiser, aqui pode.
 
3ª Lição: Setas Invertidas. Não temos idéia do que passava na
cabeça de quem colocou aquelas luzinhas amarelas que piscam quando
nossos filhos mexem naquela alavanca inútil que fica próxima ao
volante. Às vezes acionamos sem querer a luzinha que pisca na
esquerda ou na direita. Se desejamos ir para a esquerda, vamos, não
importa se a tal luz amarela está piscando, muito menos se pisca do
lado certo. Seta é coisa de carioca “isperto”, nós não
precisamos de seta para guiar. Nunca sinalize em Salvador, você
poderá desviar a atenção do baiano que vai ao seu lado.
 
4ª Lição: Meter o Terço. Metendo um terço do seu carro na
frente do baiano que teria a preferência você automaticamente
obriga-o a ceder em seu favor. Meta o terço em qualquer situação:
em cruzamentos perigosos, ao entrar em vias rápidas, quando quiser
passar à frente de algum otário, enfim, meter o terço lhe garante
vantagem indiscutível. É possível que às vezes ocorra uma pequena
batida, coisas da vida. Se bater saia do carro e comece a bater papo
com o outro baiano. Vocês acabarão descobrindo que são parentes ou
que têm amigos em comum:
“ Você num é irmão do Tinho? - Não, sou primo. - Rapaz, cê parece dimais
com ele, é escrito e escarrado. Como tá Inha, cunhada do Tinho? ”
 
5ª Lição: Emparelhar. Fique sempre ao lado de algum carro. Se ele
acelerar, acelere também. Se reduzir a velocidade, reduza e
permaneça “emparelhado”. Emparelhar deixa o baiano seguro. Vá
juntinho, melhor seguir acompanhado. Se atrapalhar quem vem atrás
não se avexe, quem quiser passar que passe. É isso mesmo, às vezes
a oitenta por hora, ou a vinte, os baianos adoram andar
emparelhados... e só Deus sabe o motivo.
 
6ª Lição: Dois Dedos. Dois dedos é a distância normalmente
mantida por um bom motorista baiano do carro da frente. Colado, bem
juntinho. Achamos que assim é possível aproveitar ao máximo o
espaço disponível em nossas ruas. Outra vantagem em manter dois
dedos do carro da frente é mostrar que estamos com pressa, que o
carro da frente deve se apressar. Não importa se o motorista da
frente não está atrasado como um bom baiano. O que importa é seguir
colado. Não se perca, siga sempre a dois dedos do carro da frente.
 
7ª Lição: Fila é Para Otário. Em qualquer conversão, onde
normalmente só caberia um carro, nós baianos fazemos a fila dupla,
tripla, às vezes dá até para a quarta fila. Nunca espere o leso que
está aguardando pacientemente a conversão, fila é para otário.
Passe à frente, meta o terço, tome a preferência da conversão à
força. Quem quiser que buzine.
 
8ª Lição: Buzina no Sinal Verde. Nós, baianos, há muitos anos
disputamos o campeonato de acionamento de buzina após a abertura do
sinal. Aguarde o sinal verde com as duas mãos prontas para acionar
violentamente a buzina do seu carro. O recorde é de Toinho, irmão de
Ninha, dois centésimos de segundo após a luz verde. Capriche na
buzina, rápido, mesmo que você esteja sem pressa, mesmo que buzinar
não faça nenhum sentido.
 
9ª Lição: Lixo no Carro Não. É, é isso mesmo que você
forasteiro está pensando. Nos nossos carros baianos não pode ter
lixo. Vai tudo pela janela: latinha de cerveja, fralda suja, palito de
picolé, ponta de cigarro, garrafa pet. Somos muito asseados, lixo no
carro não. Quem quiser que varra a rua. Acostume-se e, se do carro da
frente for jogado algum objeto grande, desvie sem reclamar.
 
10ª Lição: O Retorno É Aqui. Nas ruas de Salvador é possível
retornar em qualquer lugar. Gire o volante e, se couber, ótimo. Se
não “deu jogo” dê uma rezinha rapidinha e complete a manobra.
Quem quiser que espere ou se bata. Quem procura retorno é otário.
Não se assuste se depois da curva der de cara com uma D20 atravessada
na pista, manobrando para retornar a dez metros do retorno correto.
 
Boa sorte no trânsito de Salvador. Antes que eu esqueça: para
dirigir em Salvador você não precisa, necessariamente, olhar para
frente. Converse olhando sempre para o carona. Fale ao celular, leia,
procure coisas no porta-luvas, enfim, descontraia-se, crie você mesmo
suas regras de trânsito.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os doutores do trânsito

Fim de semana passado aconteceu o que eu achava que nunca fosse acontecer com a minha pessoa: me envolvi em um acidente de trânsito!!! Calma, estou bem, não morri, mas fiquei muito puto, sim fiquei. Não fiquei puto em razão do acidente, até porque o próprio nome diz, foi acidente, mas fiquei puto por me envolver em um acidente com um TAXISTA! Ah sim, agora a porra ficou séria!!! Vou falar um pouco do que acho dos "taquisseiros".


Taxista é aquele cara que acredita ser o doutor quando se fala em trânsito. O médico é o profissional da medicina, da saúde, e os outros apenas dão palpites. O economista é o profissional das finanças, os outros dão apenas opiniões rasas. Os engenheiros civis são os especialistas em levantar obras, qualquer outro é apenas um simples mestre-de-obras. Pronto, os taxistas acreditam piamente que eles são os especialistas em trânsito, e que os outros estão ali para atrapalhar seu trabalho. Basta observar o dia-a-dia destes doutores do trânsito. Os caras não sinalizam, estão sempre apressados, buzinam pra você antes mesmo do sinal abrir, freiam bruscamente na sua frente quando avistam um potencial passageiro. Meu pai sempre me disse para andar afastado deles, pois qualquer movimento suspeito que se faça na calçada para eles é corrida. Até aqueles bonecos de vento do posto podem ser confundidos com um futuro cliente. É claro que estou generalizando, existem bons taxistas e maus taxistas, embora eu nunca pegue um taxi com os primeiros.

Pois bem, estou eu com a minha namorada no estacionamento do Shopping Iguatemi no dia 21/02 às 15:10 quando vejo um taxi parado à minha frente, no sentido da via, porém estacionado do LADO ESQUERDO da via, sem qualquer sinalização. Como um bom motorista defensivo que sou, reduzi minha velocidade para passar ao seu lado, uma vez que não havia outro caminho a seguir e não configurava ultrapassagem. Eis que quando estou passando o passageiro abre bruscamente a porta, não evitando a colisão. Na mesma hora o taxista sai - dono da verdade - dizendo que eu estava errado, que a culpa era minha. Recapitulando: carro ESTACIONADO na pista ESQUERDA, SEM SINALIZAÇÃO, DESEMBARCANDO o passageiro em local PROIBIDO e eu estou errado??? Ele ainda veio me questionar que se fosse uma criança eu a teria matado. Ele tentou tocar no emocional das testemunhas do acidente, mas ele CONTINUARIA ERRADO, pois não se desembarca passageiro em local inseguro. A regra é clara: 
Artigo 49 do Código de Trânsito Brasileiro: o condutor e os passageiros (...) não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para os outros usuários da via. Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.
Com o argumento baseado em lei ele foi mudando o discurso, dizendo que a culpa era tanto dele quanto minha, blá blá blá. Enfim, terei que rever meu prejuízo na justiça, pois o "doutor em trânsito" não quis fazer um acordo na hora do acidente, e ainda alegou que eu não conhecia a lei. Pois então, "é na palma da lei que eu vou falar o que eu sei meu irmão!"

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Estação Transtorno Iguatemi

Esta semana, mais precisamente no dia 24/01, fui vítima da maior falta de respeito ao cidadão soteropolitano: utilizei a Estação Transtorno Transbordo Iguatemi. Havia algum tempo que não visitava a região, porém desta vez fui com olhar mais crítico, e me surpreendi com tamanha falta de cuidado que a nossa prefeitura tem com sua população. Não quero nem entrar no debate político, quero só escrever um pouco do que vi ali. Infelizmente não consegui tirar fotografias - a insegurança nesta estação é tanta que fiquei intimidado em sacar minha câmera fotográfica e entregá-la ao "dono".

Olha que belo lugar pra construir uma Estação!

A primeira observação é o acesso. Aquela passarela que liga o Iguatemi ao Transbordo é a bruxa. Aquele esgoto ali embaixo devem ter espécies ainda não catalogadas pela ciência. A sensação de insegurança é terrível. Não há um policial, os ambulantes praticamente te agridem para que compre um "batidão de prata", um "relógio da hora" ou um tal de "bolimbolacho", que pra mim continua sendo "bate-bate", e que continua fazendo um barulho irritante. Fora o pessoal que vende dvd pirata, que gentilmente obstrui metade da passarela com os dvd's dispostos no chão. Bom, isso aí é light comparado ao que vi na Estação do inferno Transbordo.

Cheguei na Estação pontualmente às 17:28. A primeira sensação que tive foi de alivio, pois cinco linhas que passam por ali servem pra mim, e eu logo daria o fora. Ledo engano. Começaria ali uma maratona, literalmente. O primeiro ônibus que passou me servia, mas o motorista simplesmente NÃO PAROU. O buzu estava vazio, e além de mim, tinham pelo menos mais umas 30 pessoas que correram para alcançar aquela lata de sardinha. Pior é que agora seriam agora pelo menos 60 pessoas para entrar no próximo.

Parei para observar a Estação em si. Suja, lixo por toda parte. Ambulantes por todo lado. Insegura. Os ônibus não tem local certo para parar, as pessoas ficam correndo de um lado a outro para poderem entrar nos seus coletivos. A pista dos ônibus é muito estreita, não permitindo ultrapassagem segura e é comum a formação de filas duplas. A estação não possui qualquer informação sobre linhas e trajetos.
 
Nova modalidade de surfe em Salvador

Quando a plataforma começou a encher, decidi ir para o final, pois talvez conseguisse chegar no ônibus primeiro. Eis que de longe avisto outro ônibus que me servia - olhei que não havia ônibus na plataforma, então comecei a correr pro inicio para poder talvez alcançar o buzão, pois certamente ele pararia lá. Desta vez o motorista fez pior: parou o ônibus DEPOIS da plataforma de embarque apenas para desembarcar - desceram duas pessoas e o ônibus partiu. 

Às 17:50 a plataforma já estava bastante cheia, tanto de pessoas quanto de veículos. Fui abordado por uma senhora me pedindo dinheiro pro transporte, apertando a minha mente. Chega mais um ônibus que me servia, desta vez já lotado. Alguns se arriscaram em viajar pendurados na porta, e o motorista saiu assim mesmo. Procurei algum fiscalzinho daqueles, mas no meio daquela bagunça era complicado achar qualquer coisa.

Inteligentemente fui para o meio da plataforma, pois assim reduziria a distancia percorrida qualquer fosse o local que o ônibus parasse (se parasse). Meu ônibus chegou, e dessa vez consegui embarcar com alguma dificuldade. Ônibus cheio, como era de se esperar, e eu gentilmente fui pedindo licença para chegar até a frente. Recebi um 'porra' de uma mulher que disse que eu a machuquei. Tem culpa eu? Preferi só pedir desculpas.

Cheguei relativamente rápido ao meu destino, mas com uma sensação de ter sido roubado, usurpado. Pagamos R$2,50 por um serviço medíocre, sem qualquer qualidade. Não é somente ruim, beira o absurdo. Aquela estação é uma piada de mal gosto. Realmente, o sonho de qualquer pessoa que utiliza o sistema é ter o seu veículo particular, congestionando ainda mais as nossas vias. Bom, eu prometi que não entraria no debate político, mas pode entrar prefeito e sair prefeito que a qualidade do nosso transporte "público" não vai melhorar. O prefeito não tem muito poder para mudar essa realidade. O câncer do nosso sistema é a sua gerência, um SINDICATO DE EMPRESÁRIOS, mais conhecido como SETPS.

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