domingo, 22 de maio de 2011

O mundo não acabou, mas Salvador já acabou faz tempo...

Fim do mundo mesmo é pagar R$2,50 por essa maravilha de transporte público que temos. Salvador vive o fim dos tempos, e não se assuste, pois tem tudo pra piorar. Não bastassem todos aqueles problemas que discutimos diariamente, um outro problema vem assustando os motoristas e usuários do transporte público em Salvador: as "crateras asfálticas", um fenômeno não muito raro nestes novos tempos. O fenômeno consiste no surgimento de imensas crateras DO NADA. Não sei se é um fenômeno físico, quântico, sobrenatural, social, mas sei que ele vem assombrando os bolsos dos soteropolitanos. Suspeito que seja um fenômeno químico: estão misturando bicarbonato de sódio com algum ácido em pó (talvez o ácido cítrico) no nosso asfalto. Pra quem não sabe do que estou falando, NaHCO3 e C6H8O7 são aquelas substâncias presentes nos efervescentes como o 'Sonrisal'. Misturados com água há a liberação do gás carbonico. Ou seja, aquele barulhinho do Sonrisal, o 'tssssssssssss', é a liberação das moléculas de CO2 presentes na mistura. Depois desta aula fajuta de química, acho que o nosso asfalto é feito dessa parada aí. Basta cuspir no chão que abre uma cratera, imagine o que as fortes chuvas que vem caindo não tem feito. O motorista desvia de um buraco e cai em mais três que surgem na frente.

Tsssssssssssssss...

Engraçado que até quem ganha com isso - o borracheiro - anda preocupado. Essa semana, vi o borracheiro que fica ali no topo da Ladeira do Cabula colocando uns cones para os motoristas pararem de cair na cratera que se formou na frente do seu estabelecimento. O que seria a solução dos seus problemas, virou o próprio problema. A borracharia não tem estrutura operacional para tantos clientes. O borracheiro, esperto que é, decidiu então sinalizar a presença do buraco/cratera para reduzir a demanda pelos seus serviços. A Rótula do Abacaxi, com apenas seis meses, está parecendo a Lua. Todo dia enormes buracos são descobertos naquela região.

É comum também a formação de buracos e 'lombadas' nas pistas que trafegam uma grande quantidade de ônibus. Eu não sei a razão disso, mas já que dei pitacos científicos acima, acredito que o óleo que cai dos ônibus junto com o calor desta cidade deixa o asfalto mais mole, facilitando a formação, ou melhor, a deformação do pavimento asfáltico.

Segundo a pesquisadora e professora Liedi Bernucci, da USP, a principal causa para este fenômeno que se espalha, é a falta de manutenção preventiva nos asfaltos. “Quando começam a aparecer trincas no asfalto, ele precisa de um revestimento delgado para impermeabilizá-las”, afirma. Outro entendido no assunto, o engenheiro Janos Bodi, da Prefeitura de São Paulo, diz que tapar buracos não resolve. “O ideal é recapear as vias, mas poucos municípios têm dinheiro para sair da manutenção provisória”, diz.

Cratera na Ladeira do Cabula

Os efeitos destes buracos nos bolsos dos motoristas são graves. Os automóveis necessitam constantemente de manutenção preventiva e corretiva em pneus, suspensão e amortecedores. Os custos para o motorista já são altos, some agora estes novos custos. Fora que estes buracos são também responsáveis por muitos acidentes. E quem mais sofre é quem? O peão que tá dentro do busú, que além de pagar caro pra entrar naquela lata de sardinha velha, ainda tem que praticar malabarismo no seu caminho pra casa...

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