quinta-feira, 26 de julho de 2012

O moderno transporte público de Salvador


MetroRec, o metrô de Recife
Olá! Depois de muito tempo afastado deste espaço, em razão de coisas da vida mesmo, fui obrigado a voltar. Minha família não aguenta mais escutar minhas reclamações, me chamam de chato e tudo, então vou exteriorizar minha raiva nestas linhas. Entre os dias 23/07 e 24/07, eu fui do céu ao inferno em relação a transporte público. O céu: Recife. Isso mesmo, Recife. Pra quem não sabe, estarei morando em breve em João Pessoa, e o caminho mais barato pra chegar a Salvador é passando por Recife. Chegando na Rodoviária de Recife, não preciso nem sair, basta comprar um bilhete (R$1,60) e embarcar no MetroRec - um sistema que não é maravilhoso, porém funciona, é climatizado, espaçoso, confortável. Fui até a Estação Joana Bezerra, próxima ao centro de Recife. De lá, peguei um ônibus INTEGRADO ao metrô (pra quem não entendeu, eu NÃO PAGUEI o ônibus) com destino a Boa Viagem. Ônibus também confortável, cadeiras acolchoadas, muito limpo, amortecedores funcionando perfeitamente. Cheguei ao meu destino (o Hostel Boa Viagem) bem rápido, e para facilitar ainda mais o usuário do transporte público e também os que não conhecem a cidade, as paradas (pontos) são numeradas. Bastou descer na Domingos Ferreira, Parada 9, que cheguei sem trabalho ao meu destino.

Pela manhã voltei pro mesmo ponto, peguei o ônibus Aeroporto, e dessa vez paguei R$1,90. Na real o ônibus custa R$2,15 mas como a cobradora não tinha troco, aceitou meus R$1,90 que tinha em miúdos. Ônibus também confortável, acolchoado e rápido. Só 15 minutinhos e estava dentro do Aeroporto. Eram 7:50 da manhã, e pelo andar da carruagem meu dia seria maravilhoso!


Simbora meu povooo!
Estava tudo maravilhoso até chegar em Salvador. Cheguei às 10:40 e pensei: meio-dia devo estar em casa. Fui na direção do ponto de ônibus atrás do estacionamento. Durante o percurso mais de dez pessoas me abordaram perguntando se eu queria taxi. Pelo visto é clandestino, porque eu mal conseguia ouvi-los, tamanha discrição. Perguntei a uma senhora que trabalha em uma empresa de ônibus (pelo menos ela estava vestida igual uma cobradora) qual o ônibus que poderia pegar que fosse pela Paralela até a região ali do Iguatemi, pois de lá eu me viro. Ela olhou um ônibus vindo e disse: - esse aí passa! Sem duvidar da sua benevolência, entrei no buzú e tomei minha primeira facada do dia: R$2,80. Ônibus sujo, janelas balançando (uma zuada terrível), calor desgraçado, motor fazendo uma zuada muito forte e cadeiras nada confortáveis. Essa desgraça não vale nem R$1,00! Tá eu lá e o ônibus indo em direção a Lauro de Freitas...estranhei, mas pensei que ele faria a volta lá e iria para Salvador. Até que o cobrador me pergunta onde eu ia descer. Depois de dizer que meu destino era Salvador, ele disse que era melhor eu descer e pegar outro do outro lado, pois eles iriam ficar 40 minutos fazendo hora no fim de linha. Já pirado, e meio tonto, desci e peguei um Praça da Sé do outro lado, via orla. Segunda facada do dia, mais R$2,80.

Ônibus novamente desconfortável, ambulantes entrando a cada ponto, chacoalhando que era uma beleza. Desci na Praça Nossa Senhora da Luz e em meio à tontura, entrei em um São Gonçalo (mais R$2,80). Depois de uns 30 minutos de congestionamento na Avenida ACM e na Avenida Tancredo Neves, o destino me prega mais uma surpresa: o ônibus é via Paralela! Depois de ficar mais de 30 minutos rodando dentro do Imbuí, o ônibus parte em direção ao Cabula. Como o ônibus é via Paralela, eu teria posteriormente duas opções pra chegar em casa: andar uns 30 minutos debaixo da lua cheia e já tonto; ou pegar outro ônibus. Moral da história: 3 horas e 30 minutos rodando a cidade em ônibus que mais parecem paus-de-arara e R$11,20 de prejuízo. Fui chegando em casa e pensando no transporte de 1º mundo que horas atrás havia experimentado, e no transporte de 5ª categoria que acabara de utilizar. Cheguei em casa com o sentimento de que havia sido desrespeitado na minha própria cidade. Como pode uma estação de ônibus em um aeroporto internacional sem qualquer informação para o usuário? Como pode um transporte tão caro ser tão desconfortável e ineficiente? Como que pode haver uma “integração” tão cretina como dizem que existe em Salvador? Será que é possível que ninguém perceba que não existe nada mais bizarro que aquela “Estação de Transbordo Iguatemi” neste mundo? Nem na Naníbia deve existir uma coisa tão mal projetada, bizarra e desrespeitosa quanto aquilo. Nem no Haiti deve ter uma bagaça daquela. Aquilo ali só não é a estação do inferno porque ainda tem a Lapa, Estação Pirajá e Mussurunga que não ficam atrás.

Enfim, este foi meu desabafo do dia. Espero que ninguém tenha que passar pelo que passei, embora eu saiba que todos em Salvador que dependem deste lixo passam por isso diariamente. Podem dizer que fui lerdo, que poderia ter evitado pegar dois ônibus, mas o episódio me serviu para ter a certeza de que não quero mais morar nessa cidade.

Não, não é uma cidade da Índia, é Salvador mesmo


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