quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cuiabá também está escolhendo o VLT. E aí Salvador???

Cuiabá também pensando no antes-durante-depois da Copa. O prefeito de Salvador, senhor João Henrique, declarou que 'para a COPA' o BRT é o modelo mais adequado, principalmente em função do tempo. Traduzindo as palavras de JH: "Salvador que se dane, eu quero é implantar o sistema mais rápido pra que esteja pronto antes da Copa, mesmo que seja um sistema com data de validade vencida. Depois da Copa o próximo prefeito pensa o que vai fazer..."

Ouça você mesmo a declaração do nosso querido prefeito neste vídeo abaixo:



Agora veja a opinião dos técnicos de Cuiabá:



É brincadeira um negócio desses!!! E você, o que acha? Participe, discuta, afinal estamos falando da sua cidade.


Vamos fortalecer esta campanha, EU QUERO O VLT EM SALVADOR!
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terça-feira, 19 de abril de 2011

Lauro de Freitas já optou pelo VLT. Salvador, acorda!

Hoje me darei ao luxo de apenas "copiar e colar" a indicação n° 047/2011 do vereador Antônio Rosalvo Batista Neto, da câmara do município de Lauro de Freitas. Vamos obrir os olhos da nossa população. O BRT deve ser bom pra muita gente, menos para quem precisa dele: o povo. Já assinou a petição pública? Declare seu apoio: http://peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=vlt



Sessão ordinária do dia 14.04.2011
3ª Sessão Legislativa Ordinária - 2011
12ª Legislatura – 2009/2012

Indicação nº 047/2011 | Vereador Antônio Rosalvo Batista Neto

Aprovada. Indica à Prefeita Municipal efetuar gestões junto ao Governo do Estado da Bahia para que a solução de transporte de massas a ser adotada para o “corredor metropolitano” de Lauro de Freitas seja a do “Veículo Leve sobre Trilhos” (VLT) e não o “Bus Rapid Transit” (BRT).

Protocolada junto ao Poder Executivo. Aguarda resposta.



Veículo Leve sobre Trilhos em operação na França (Foto: Peter Gugerell)

O Vereador Antônio Rosalvo defende na justificativa da indicação que a implantação do VLT, reconhecidamente superior ao BRT, é da mais alta relevância para o transporte público da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e a sua escolha não pode ficar sujeita ao cumprimento de prazos da Copa 2014.

"Esta Casa Legislativa defende que a solução de transporte de massas na RMS, que já chega tardiamente, deve ter como horizonte prioritário o benefício da população e não de eventuais turistas que venham assistir os jogos da Copa do Mundo em Salvador", anota o Presidente da Câmara.

Antônio Rosalvo destaca que o BRT, nada mais que um corredor de ônibus, representa uma solução técnica ultrapassada em todo o mundo, bem mais poluente que o VLT, muito menos confortável para os usuários e de vida útil muito inferior. "Até mesmo em nosso País e em outras capitais do Nordeste é o sistema do VLT que está sendo implantado. Está em questão a qualidade do serviço de transporte oferecido aos munícipes, mas também a qualidade da aplicação de dinheiro público", alerta Rosalvo.

Para o Vereador, a implantação do corredor de ônibus, em detrimento do VLT, tem ainda o potencial de não conseguir retirar das ruas a quantidade de veículos particulares que seria necessário para preservar minimamente a viabilidade do trânsito em nosso Município, sendo esse um dos objetivos primordiais do sistema de transporte de massas.

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sábado, 9 de abril de 2011

Um pouco de economia para entender o congestionamento urbano: rivalidade e exclusividade

Bom, muita gente me pergunta qual a razão do meu interesse por mobilidade urbana, congestionamentos, transporte público, sendo eu um economista. Eu sempre respondo que grande parte dos problemas urbanos nada mais são do que problemas de ordem econômica, que podem e devem ser debatidos sob este ponto de vista. Mas de que forma a economia enxerga estes problemas? A ciência econômica (vou resumir bem isso aqui) estuda as relações humanas que resultam da relação entre necessidades ilimitadas e recursos escassos. - Como é que é, vei??? Exprica esse negoço aí direito! Vamos lá: a economia estuda basicamente a gestão dos recursos escassos. As necessidades do ser humano são ilimitadas, todos nós queremos tudo, mas os recursos são escassos. - Mas maluco, me diz uma coisa...economia não é um monte de matemática??? Não. economia não é uma ciência exata, é uma ciência social, porém utiliza-se bastante do ferramental matemático. Mas como a economia então enxerga o problema dos congestionamentos? Veremos um pouco abaixo, mas sem matemática.
Do ponto de vista econômico, podemos classificar os bens e/ou serviços segundo duas características elementares: o seu grau de “rivalidade” e o seu grau de “exclusividade” . Um bem se diz “rival” se o seu consumo por uma pessoa reduz a quantidade disponível para os outros. Os artigos nas prateleiras dos supermercados são exemplos de bens com alto grau de rivalidade, pois se você comprar um frango, outro consumidor não poderá consumir o mesmo franguinho. De forma inversa, a não-rivalidade significa que o consumo de uma pessoa não restringe a quantidade disponível para os outros. Dentre os bens “não-rivais” teríamos as ondas de rádio, o oceano ou a luz solar. Quando você ouve rádio, qualquer outra pessoa também pode ouvir sem problemas.
Bens “exclusivos” são aqueles onde existe a possibilidade de excluir pessoas. Os bens sobre os quais é possível atribuir direitos de propriedade são passíveis de exclusão. Essa exclusividade diz respeito à possibilidade de excluir todos os que não pagaram. Nesse caso, aquele show do Festival de Verão, a energia elétrica e a TV fechada são bens “exclusivos”, ou seja, são exclusivos de quem os pagou. De forma análoga, bens não-exclusivos são aqueles em que há uma inviabilidade em excluir os não pagadores. Uma queima de fogos pode ser classificada como bem não-exclusivo, pois não há como impedir pessoas de assistí-lo, a não ser que alguém faça uma queima de fogos em local fechado (não façam isso em casa, por favor). O ar que respiramos é outro exemplo, não pode-se cobrar pelo ar que respiramos, não tem como.
Vejamos outros conceitos importantes. Bens públicos são aqueles cujo consumo de uma pessoa não afeta a quantidade consumida pelas demais, além de não ser passíveis de exclusão, ou seja, são bens de acesso livre. Bens públicos são 'não-rivais' e 'não-exclusivos'. Ou seja, um bem público é aquele que não se pode cobrar pelo uso, e o uso de uma pessoa não impede o uso de outra. O ar que respiramos é um bem público pois o fato de você respirar não impede que outra pessoa respire e ninguém paga por isso. Bens comuns são aqueles que os agentes podem acessar livremente (não-exclusivos), porém o consumo de um agente reduz a quantidade disponível para os outros (rivais). Qualquer pessoa pode pescar no Dique do Tororó, mas a partir do momento que você pesca um peixe, você está reduzindo a quantidade de peixes para os outros, por isso existe rivalidade. Uma avenida é um exemplo típico de um bem com grau de exclusividade praticamente nulo (estando ela congestionada ou não), mas a partir do momento que você sai com  seu carro,  está reduzindo o espaço para outros motoristas. A avenida é não-exclusiva porém é rival.
Ao analisar estas duas categorias de bens, é importante fazer referência à ligação do grau de rivalidade e o congestionamento (ou saturação) do seu acesso. Uma vez disponível a rua,  livre para todos, com baixo grau de exclusividade (não se cobra pra usar uma avenida), todo mundo procura explorá-lo ao máximo, sem analisar os custos sociais desta ação.
Existe um caso muito famoso na teoria econômica, introduzido pelo economista inglês Guillermo Foster Lloyd (1833), popularizado pelo ecologista americano Garrett Hardin, chamado “A tragédia dos bens comuns”. No artigo, Hardin está claramente preocupado com o aumento da população com um mundo finito. Segundo o autor, quando o bem é comum (uma avenida, por exemplo), as pessoas podem utilizá-lo sem impedimentos. Se cada pessoa limitar o seu uso, a satisfação é geral, trazendo benefícios para todos. O grande dilema está na possibilidade das outras pessoas (seres racionais que buscam aumentar sua satisfação) não limitarem seus usos, fazendo com que a pessoa que se controla tenha seu benefício diminuído. Cada pessoa, neste contexto, está sujeita a utilizar o bem ao máximo até a ruína geral. Hardin dá o exemplo de uma lagoa, onde a quantidades de peixes é finita. Se todos controlarem a exploração, haverá peixes para todos. Porém se não houver regulamentação, todos vão querer pescar a maior quantidade de peixes possível, afinal todos pensam da mesma forma - se eu deixo de pescar, o pescador do lado não vai pensar como eu, então 'farinha pouca meu pirão primeiro'. Para Hardin essa é a natureza do ser humano quando não existe regulação.
O benefício de utilizar o automóvel é positivo, já que existe uma maior flexibilidade do carro em relação ao transporte público. A entrada de veículos em uma avenida continua até o ponto onde o benefício econômico é zero. Uma vez que ninguém é o dono da rua, não há regulação e portanto não há restrição para a entrada de mais e mais veículos. Desse modo, as avenidas, principalmente das grandes metrópoles, são sobre-exploradas de forma trágica, vide os congestionamentos que enfrentamos diariamente. A razão para esta tragédia é que, quando o motorista decide trafegar na via, seu benefício aumenta, mas o benefício de todos os outros diminui. O motorista não leva em conta o custo que ele impõe aos outros motoristas.
Para Hardin, existem duas soluções para evitar a tragédia dos bens comuns: a regulamentação do acesso por parte do Estado; ou a privatização dos bens comuns. As duas soluções para este problema estão longe de acontecer. No que diz respeito ao estado, este apenas contribui a cada dia para o agravamento do problema. Assim como Hardin, eu também estou preocupado.

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